quarta-feira, 9 de setembro de 2009

NEUROCIÊNCIA

Mecanismos moleculares da memória Identificada proteína envolvida na consolidação de lembranças de longa duração


Os mecanismos moleculares utilizados pelo cérebro para transformar memórias de curta duração em memórias de longa duração começaram a ser desvendados. A proteína alfa-CaMKII, que pode estar presente no córtex cerebral, parece estar envolvida nesse processo de conversão.

Essa é a conclusão de uma pesquisa desenvolvida na Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA) pela equipe dos pesquisadores Paul Frankland e Alcino Silva. O estudo foi publicado na edição de 17 de maio da revista Nature.


"Potencialmente, podemos lembrar de qualquer situação. Porém, muitos episódios de nossa vida são esquecidos e apenas as experiências emocionais mais importantes permanecem na memória", explicou Frankland à CH on-line. As informações captadas pelos órgãos dos sentidos são primeiramente armazenadas no hipocampo, região do cérebro responsável pela memória temporária. Em seguida, o hipocampo interage com o córtex cerebral e a memória adquire seu caráter permanente. "Memórias de longa duração são, em geral, mais interconectadas e resistentes a lesões localizadas", acrescenta o pesquisador.






A transformação da memória temporária em memória permanente pode estar relacionada à ação da proteína alfa-CaMKII. Para avaliar o papel dessa proteína no estabelecimento da memória de longa duração, foram realizadas experiências com camundongos. Alguns animais exibiam níveis normais de alfa-CaMKII, e outros haviam sido geneticamente modificados para apresentar apenas metade da quantidade normal da proteína.
Os camundongos foram treinados para desenvolver determinadas tarefas e sua capacidade de relembrar o treinamento com o passar do tempo foi avaliada. Os animais com níveis de alfa-CaMKII reduzidos apresentavam memória normal após curtos intervalos de tempo. Porém, à medida que os dias foram passando, sua capacidade de realizar as tarefas diminuiu. "Suas memórias pareciam ter desaparecido", relata Frankland. Já os animais com quantidades normais da proteína foram capazes de repetir as tarefas com maior facilidade.
Os camundongos deficientes em alfa-CaMKII não tiveram suas memórias de curta duração alteradas, o que indica um funcionamento adequado do hipocampo.
No entanto, as funções do córtex cerebral desses animais foram prejudicadas, pois a formação de memória de longa duração não foi efetivada. A alfa-CaMKII é um elemento fundamental para o estabelecimento de memórias permanentes na região cortical do cérebro. "Essa é uma das muitas proteínas críticas para a formação da memória de longa duração", afirma Frankland. "É preciso identificar as outras proteínas envolvidas nesse processo molecular."
Fonte:
Fernanda Marques
Ciência Hoje On-line

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